quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Projecto: Maria Parda


Se Deus é amor e o vinho amante o que nos diz Maria Parda?”

De Gil Vicente e encenação de Eduardo Dias

De 18 a 28 de Fevereiro (quintas, sextas, sábados e domingos) | 21h.30m

Espectáculo para maiores 12 anos

Duração 45 minutos

AERSET

Av. Luísa Todi, 119

2900 Setúbal

Bilhetes: 7€

Descontos: 5€ (desconto para estudantes, menores de 25, maiores de 65 e aderentes PIN Cultura)

Breves palavras sobre a Encenação

A obra vicentina espelha uma época de transição. Um tempo onde a soberania daquilo que estava instituído e as instituições são gradualmente subvertidas e a sua pertinência questionada. Este momento singular não foi único, nem isolado na história. A ordem político-social fortalece-se em resposta às interrogações que a comprometem, criando novas questões às quais terá de se reestruturar na busca da resposta.

Por conseguinte, se observarmos o passado, podemos realmente encontrar a marca deste círculo perpétuo, mais ou menos acentuado mas sempre presente.

Entretecida de interrogações sobre a ordem e costumes estabelecidos, a obra de Gil vicente, encontra a intemporalidade e um eterno retorno à nossa condição de seres interrogantes.

Assim, transpõe-se Maria Parda para o século XXI e eis que deixa de ser uma identidade quebrada pelos vícios da vida, transmutando-se numa mulher obcecada pela sua necessidade de preencher e justificar as suas “faltas” através do consumo desmedido.

Desta forma, Maria Parda renasce como qualquer um de nós, vítima da sede de ter e querer em detrimento de quem é, e da consciência daquilo que é realmente indispensável.

A sede do vinho não é mais do que a sede do espírito. Aquela sede imaterial de, com o palpável, saciar os vazios de uma alma que sente e se ressente da solidão entre os pares.

Maria parda pertence a uma sociedade de consumo bem actual, onde a solidão se encontra vincada pelas suas palavras e, onde o possuir é vendido como terapia. No entanto, tal como hoje encontramos em toda a parte, o seu espírito encontra-se vazio quando confrontada com vinho que escasseia.

Por forma a potenciar o carácter intemporal do espectáculo o texto mantém-se fiel ao original, mas usando a linguagem cénica e do actor como elementos vivos desta pulsante actualidade. Com este trabalho procura exaltar-se a eterna, não inata, e crescente insatisfação. Não na forma de ambição doentia, mas por desfasamento, por irreconhecimento do eu ou até mesmo por dormência.

Sinopse

“De Gil Vicente em nome de Maria Parda, fazendo pranto porque viu as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas e o vinho tão caro e ela não podia viver sem ele.”

Projecto Interacção com as artes plásticas

Com a colaboração de escolas e ateliers de artes plásticas da região, este espectáculo promove a educação artística e a literacia cultural, destinando lugares cativos para estudantes e artistas plásticos onde estes possam transpor a sua interpretação da peça. As criações resultantes deste exercício serão objecto de exposição durante a carreira da peça, propiciando novas visões ao público em geral.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA:

Texto Gil Vicente | Encenação Eduardo Dias | Interpretação Carla Garcia | Banda Sonora Original Bruno Moraes| Cenografia, Design Gráfico e Dramaturgia Mónica Santos | Direcção de Actores, assistência de Encenação e desenho de Luzes José Maria Dias |Direcção de produção Graziela Dias | Montagem Júlio Mendão | Frente Casa Bruno Moreira, Manuel Ernesto

Produção Teatro Estúdio Fontenova

Companhia Subsidiada: Câmara Municipal de Setúbal

Apoios: AERSET; Crómia; O Setubalense; Correio de Setúbal/Sem+Mais Jornal; Jornal de Setúbal; O Sul; Setúbal na Rede; Setúbal TV

Agradecimentos: António Galrinho; Conservatório Regional de Música de Setúbal