quarta-feira, setembro 10, 2008

Balanço da 10ª edição da Festa do Teatro

A X Festa do Teatro registou uma grande afluência de público, facto que vem confirmar a relevância do Festival no panorama cultural da cidade de Setúbal. Todos os espectáculos tiveram lotação esgotada e na última semana do Festival, houve muito espectadores que não conseguiram ingressos para assistir aos espectáculos. Facto que a organização do Festival lamenta, por um lado, mas, por outro, deixa-nos particularmente gratos e satisfeitos, mostrando que a população de Setúbal, está a aderir a este Festival e a considerá-lo como um evento de todos nós e da cidade de Setúbal em particular.
Não podemos deixar de referir que o público da “Festa do Teatro” não se constitui exclusivamente de setubalenses, mas um público que vem também de fora, juntando-se à comunidade local e contribuindo para que esta festa seja, cada vez mais, pautada de qualidade e singularidade, não residindo só na programação eclética e diversificada, mas sobretudo no contributo dado por cada um dos espectáculos e também das pessoas que viram, participaram e protagonizaram a “X Festa do Teatro”.

A Cidade de Setúbal, desde os espaços convencionais aos não convencionais, transbordou de Teatro, Curtas-metragens, Ateliers e exposições, tendo como pano de Fundo “O Teatro”.

A Festa iniciou com o Teatro ao Largo no parque do Bonfim, um espectáculo bem divertido e energético, a Festa voltou a este espaço com o Teatro das Beiras, que também nos deliciou de uma forma popular e enérgica, num conflito entre o velho e o novo, o tradicional e o inovador, o antigo e o moderno, com toda a força de um choque frontal, tudo isto em conformidade com a natureza.

O nosso mítico Largo do Sapalinho foi um dos palcos escolhidos, este ano, para o Festival, o qual pensamos manter em edições futuras, não podendo deixar de salientar o bom acolhimento que tivemos por parte da população. Neste espaço decorreu o espectáculo “As Pequenas Cerimónias”, uma produção do Fiar/ Centro de Artes de Rua de Palmela, que encantou todos aqueles que tiveram a possibilidade de assistir, numa proximidade com o público, proporcionando a escuta da respiração do actor e da marioneta, num elogio ao mecanismo e à sua desmistificação. No Largo do Sapalinho assistimos ainda à esplendorosa actuação do Cuarteto Maravilla de Espanha/Sevilha, que encheu este belo largo numa constante de risos e aplausos ao longo de 60 minutos.

No Teatro de Bolso tivemos o TAS, com o espectáculo “No Parapeito da Ponte”, um texto de humor negro, que aborda a problemática da sociedade contemporânea. O Teatro dos Aloés, no mesmo local, trouxe-nos um espectáculo onde o absurdo marcou encontro com o humor, que nos fez reflectir sobre a nossa sociedade, onde o confronto de Culturas está latente.

O Teatro O Bando mais uma vez esteve presente no Festival, com o “Grão de Bico” que decorreu numa Tenda montada no pátio da Escola Sebastião da Gama, em que a chuva também fez questão de estar presente, mas nem por isso desmotivou o público, que calorosamente encheu a Tenda e pena foi que alguns espectadores ficassem de fora.

Na Escola Sebastião da Gama, num auditório construído dentro do Ginásio, se acolheu o Teatro Estúdio Fontenova, com a sua mais recente produção, “A Noite Antes da Floresta”, uma descida aos infernos na voz de um imigrante, de um marginal, de um excluído, num grito de amor que se perde numa noite fria e chuvosa, numa sociedade muitas vezes desumanizada, indiferente e pouco solidária, onde a xenofobia e a exclusão são a expressão mais visível. Bem visível foi o caloroso público que assistiu à estreia, irrompendo de aplausos e bravos, espectáculo que voltou no dia seguinte, aqui também foram vários os que não conseguiram entrar.

A “Festa do Teatro” encerrou de uma forma brilhante, com a ESTE/Estação Teatral da Beira Interior, onde a comunicação aconteceu de uma maneira directa, onde o teatro se fez com o espectador, o gesto, o movimento, a acção e a música dos bombos e pífaro, com o público a responder de uma forma verdadeiramente entusiasta e, só não ficaram espectadores de fora, porque este espectáculo permitiu que pudesse ser visto da galeria do Ginásio.

Mas este festival só foi possível com as sinergias de muitos.

Uma Equipa constituída: Leonardo Silva; Júlio Mendão; Bruno Moreira; António Machado; Mário Pereira; Manuel Ernesto; Nuno Moura; Alexandre Costa; Patrícia Coelho; José Luís Neto; Eduardo Dias; Mónica Martins; Sandra Ferras; Paula Guerra; Madalena Fialho e Anita Vilar.
Patrocínio:
Câmara Municipal de Setúbal
Apoios Financeiros:
Governo Civil de Setúbal, as Juntas de Freguesia de Nossa S.ª da Anunciada,
de S. Julião, de Sta. Maria da Graça, AVSET e a Lisnave.
Apoios á divulgação:
Jornal O Setubalense, Correio de Setúbal/Sem+Mais Jornal, Setúbal na Rede e Vidas Alternativas
Outros Apoios (a nível de espaços, materias):
Teatro O bando, Danç’arte, TAS, Clube Setubalense, Teatro D. Maria II, Programa Gulbenkian Criatividade e criação Artística/ da Fundação Calouste Gulbenkian; INATEL, Hotel Isidro e o Projecto Lança.
Parcerias:
Clube de Fotografia de Setúbal, Experimentáculo, MAEDS e a Academia Problemática e Obscura/ Prima Folia.
Agradecimentos:
Júlia Cardoso, Conceição Crispim, João Rosado, funcionários da GICO/Gabinete de Informação e Comunicação da C. M. Setúbal e os funcionários dos Serviços técnicos da CMS.
Um apoio incondicional:
Escola Sebastião da Gama

E não podemos deixar de agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, têm contribuído para o engrandecimento do Festival “Festa do Teatro”.

A “Festa do Teatro” chegou ao fim e com ela a nostalgia de um fim, mas a pensar já na próxima edição de 2009.
Cada edição é sempre uma nova aventura. Abrem-se novos horizontes, companhias que nos trazem estéticas inovadoras, trocam-se experiências, que nos enriquecem mutuamente. Companhias já estabelecidas e novas companhias aqui se afirmam com as suas tradições e as suas histórias.
Apostamos na diversidade, no questionamento, na incomodidade, que nos leva ao enriquecimento recíproco.

Queremos acreditar que este Festival vai crescer mais e fazer transbordar de arte, a nossa bela cidade de Setúbal, pensamos que só nos falta, esse reconhecimento, a nível nacional, nomeadamente, por parte da DGARTES.

O teatro é um transbordar da imaginação sobre a vida, que revela os homens a si próprios.
(Charles Dullin)