domingo, dezembro 07, 2008

Em cena "A Noite Antes da Floresta"


A NOITE ANTES DA FLORESTA

De Bernard-Marie Koltés e encenação de José Maria Dias

De 05 a 14 de Dezembro (quintas, sextas, sábados e domingos) | 21h.30m

Espectáculo para maiores 16 anos

Duração 60 minutos

Na AERSET (Ex. Banco de Portugal)

Av. Luísa Todi, 119

2900 Setúbal

Bilhetes: 7€

Descontos: 5€ (desconto para estudantes, menores de 25, maiores de 65 e aderentes PIN Cultura)

Sinopse

A peça de Bernard-Marie Koltés, apresenta o encontro de dois seres que vagueiam na noite, estrangeiros e marginalizados. Numa esquina de uma cidade qualquer, um homem que, sem ter para onde ir e completamente ensopado pela chuva, tenta comunicar com outro homem na rua, estabelecer um contacto humano em condições desumanas de sobrevivência. Quem será esse interlocutor? Pode ser o próprio espectador ou ainda um duplo do personagem, um espectro?

A Noite Antes da Floresta é uma descida aos infernos, é a voz de um imigrante de um marginal de um excluído.

Não sabemos o seu nome, nem quem é, somente que está sozinho e que fala, fala sem parar. Um vigoroso grito de amor que se perde numa noite fria e chuvosa.

Breves palavras sobre a Encenação

Um monólogo que tenha a capacidade empática com o público, abanando-o na sua consciência de humanos e de intervenientes nesta sociedade humana, muitas vezes desumanizada, indiferente e pouco solidária onde a xenofobia e a exclusão são a sua expressão mais visível, é o desafio estético e interpretativo que nos propomos vencer, trocando os nossos sapatos de primeiro mundo por chinelos de dedo, na luta intima por uma nova humanidade.

As dificuldades de interpretação do próprio texto, pela sua natureza e de grande complexidade na composição da personagem, levam-nos para soluções estéticas muito difíceis de concretizar a nível técnico o que torna tudo ainda mais apaixonante.

Não posso deixar de referir a dedicação de toda a equipa, mas seria injusto se não realçasse o trabalho do actor Eduardo Dias que excedeu as minhas expectativas, pelo sentido de sacrifício e capacidade de trabalho.

José Maria Dias

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA:

Texto: Bernard-Marie Koltés; Tradução: Eduardo Dias; Encenação, Espaço cénico e Desenho de luz: José Maria Dias; Banda sonora original: João Sol: Interpretação e Caracterização: Eduardo Dias; Figurino: Graziela Dias; Edição de vídeo e Assistência de encenação: Leonardo Silva; Mecânica de Cena: Ricardo Mondim e José Pedro Duarte; Montagem: Júlio Mendão, Alexandre Costa, Bruno Moreira e Mário Pereira; Frente Casa: Anita Vilar, Patrícia Coelho, José Luís Neto e Madalena Fialho


Bernard-Marie Koltés | Autor, dramaturgo francês da segunda metade do século XX um dos mais representados actualmente no mundo. Inicialmente marginalizado, Koltés (1948-1989) hoje é considerado um autor brilhante cujo teatro também pode ser lido como poesia moderna. Criador de linguagem única, tanto literária como coloquial, urbana e corrosiva. Oferece-nos um mundo de luz e sombras incendiado por gritos, golpes, feridas e também tentativas, possibilidades e esperanças. Um mundo de dualidade, de solidão, de humanidade desumanizada. Autor dos esquecidos, dos anónimos, dos solitários, dos assassinos, dando-lhes a palavra para que denunciem sua crua e profunda realidade, suas ilusões e desenganos. Koltés trabalha com o que está à margem, com lugares sem nome, resgatando consciências, o simbólico, o metafísico. Fala de exclusão social, da solidão levada a um extremo desesperante. Todo o seu trabalho é pontuado pela marginalidade que ataca a sociedade fechada nos seus preconceitos e valores.

De personalidade complexa, homem de existência vertiginosa e que dos 18 aos 25 anos viajou como quem pratica uma aprendizagem necessária, pensou acertadamente que esta experiência lhe serviria para toda uma vida dedicada à literatura, embora em princípio acreditava que faria poemas ou novelas. “Meu desejo maior é escrever novelas. Se não o faço é porque não teria como viver”, declarou. Nos anos 70, desencantado com um sistema desalmado de vida e uma cultura de violência, passou por drogas, depressão, uma tentativa de suicídio e por um processo de desintoxicação. Depois de ver a diva Maria Casarés como Medeia, numa encenação de Jorge Lavelli, escreveu uma adaptação teatral de Infância, de Gorki, passando pelo curso de direcção e dramaturgia da Escola do Théâtre National de Strasbourg, onde escreveu uma dezena de textos curtos nunca revelados ao público.

Nascido em Metz, filho de um coronel do exército, militante do partido comunista, homossexual, Koltés funda a companhia Théâtre du Quai, estreando oficialmente em 1977 no Festival Off de Avignon com o monólogo A Noite Antes da Floresta (La Nuit Juste Avant les Fôrets), dirigido por ele mesmo e por Yves Ferry. Considerado um manifesto lírico. Em 1979 escreve Combate de Negros e de Cães (Combat de Nègre et de Chiens), um laboratório de pesadelos e insatisfações. Mas foi a colaboração com o famoso director Patrice Chéreau no Théâtre dês Amandiers que o fez sair do anonimato, contribuindo para um maior conhecimento e rápida admiração pelo seu teatro.

No entanto, somente depois de sua morte prematura em Paris aos 41 anos, que Koltés começou a ser reconhecido verdadeiramente como dramaturgo, tanto na França como no estrangeiro, tornando-se um clássico do reportório contemporâneo. Considerado por Heiner Muller o Shakespeare de nosso século, traduzido em mais de trinta línguas, encenado em cerca de cinquenta países. Podemos considerar as suas peças como tragédias modernas que nos tocam e desequilibram-nos com uma linguagem inovadora e privilegiada, uma preciosidade num momento em que se corre o risco do teatro descambar para comédias burlescas e banais de consumo rápido.

José Maria Dias | Encenador (Alcáçovas, 1957) Licenciatura em Estudos Teatrais, pela Universidade de Évora.

Fez várias cursos, dentro dos quais, Direcção Técnica de Espectáculos, orientado por Jean-Guy Lecat (Director Técnico de Peter Brook), cursos de encenação promovidos pelo Inatel (Teatro da Trindade), com alguns professores como o Tomaz Ribas, Águeda Sena, Fernando Augusto, José Peixoto, Alexandre Sousa, Carlos Cabral, Luís de Matos, António Casimiro, Eurico Lisboa, José Carlos Barros, Victor de Sousa, Cláudio Hochman e Mário Feliciano de quem foi assistente da cadeira de encenação. Director Artístico do Teatro Estúdio Fontenova e do Festival de Teatro de Setúbal “Festa do Teatro”. Actualmente lecciona Teatro na Escola Profissional do Montijo, na Escola Profissional de Setúbal e na UNISET (pólo do Montijo). Tem apoiado vários Clubes de Teatro de diversas escolas do Distrito de Setúbal. Encenou textos de vários autores, Armando Nascimento Rosa, Fernando Augusto, Bernardo Santareno, Gil Vicente, Luís de Sttau Monteiro, Maria Alzira Cabral, Norberto de Ávila, Francisco Ventura, Richard Demarcy, Adele Adelach, Aleksandr Galine, August Strindberg, Edward Bond e Arnold Wesker entre outros.

Eduardo Dias | Actor (Setúbal, 1982) Bacharel do Curso de Formação de actores da ESTC.

Interpretou entre outras as seguintes peças: Teatro nacional de São Carlos “Tosca” de Giacomo Puccini (2008); Escola da Noite “Na Estrada Real” de Anton Tchékhov com encenação de António Augusto Barros (2007); Teatro Mundial Escolinha de Música uma produção da Média Capital com encenação de Almeno Gonçalves (2006); no Teatro da Trindade (2003) “Viriato” de Freitas do Amaral com encenação de Fraga; no Teatro O Bando (2001 e 2002) “Pino do Verão” a partir de textos de Eugénio de Andrade com encenação de João Brites; no Teatro Estúdio Fontenova “O Crime do século XXI” (2006) “Os IEmigrantes” (2005); “Audição – com Daisy ao vivo no Odre Marítimo (2004); “Gil Vicente a Retalho” a partir de textos de Gil Vicente (2003); “As Mãos de Abraão Zacut" de Luís de Sttau Monteiro (2002) "O Pelicano" De August Strindberg (2001); "O Auto da Justiça" de Francisco Ventura (2000); "Restos" de Bernardo Santareno (2000), com encenações de José Maria Dias.

Leonardo Silva | Realizador, nasceu e vive em Setúbal, sempre gostou de escrever e foi um apaixonado pela magia do grande écran. Quando acabou o ensino secundário decidiu trabalhar como forma de emancipação monetária, o mercado não o permitiu, voltou a estudar, optando pelo seu sonho que é o cinema. Formou-se técnico profissional de realização na Academia em Lisboa, e, desde aí, faz o seu “oficio”, sempre que a alternância da condição de desempregado e trabalhador precário o permita. Realizou e participou entre outras: - “Festróia” Realização e Montagem do vídeo institucional (2004); “Viktor” Realização, Argumento e Montagem da curta-metragem (2005); “Para a frente se anda para trás...” Direcção de Fotografia da curta-metragem (2005) produções MDV. - “O Teu Olhar” e “Baía das Mulheres” estágios como 2º assistente de realização nas novelas (2004) produção NBP. - “Setúbal o quê?” assistente de realização e operador de camera, do documentário, produção NYCityFilms / Neocirka (Panorama Festroia). - “Pão e Circo” Realização e Montagem do vídeo publicitário do espectáculo (2004); “Malus” assistente de fotografia e som na curta-metragem (2007) (1º lugar Curtas Sapo/Festroia); “Anita” assistência técnica da curta-metragem (2007), produções NeoCirka CRL. - “Comenda, estação arqueológica romana” realização, fotografia e edição do documentário (2007) com apoio Univ. Moderna Setúbal (Jornadas Europeias Património); “Ser Conserveira” realização, argumento, fotografia e edição do documentário (2007) com apoio do Museu do Trabalho Michel Giacometti (Jornadas Europeias do Património); “Spectare” realização, fotografia e edição do videoarte para a exposição “Convento de Jesus: Novos Documentos” (2007) produções Prima Folia CRL.


Produção integrada no Festival de Teatro 2008/ “X Festa do Teatro

Patrocínio: Câmara Municipal de Setúbal

Apoios: AERSET, Projecto Lança

Apoios à Divulgação: O Setubalense, Correio de Setúbal/Sem+Mais Jornal e Setúbal na Rede





Sem comentários: